A psicoterapia é uma abordagem de intervenção que tem como objetivos o auto-conhecimento, desenvolvimento do sentido de personalidade e identidade, tomada de consciência de dinâmicas e padrões que interferem/limitam a forma como percepcionamos a realidade e a nossa relação com os outros, a elaboração de traumas, lutos, aspetos da história de vida e emoções que se cristalizaram, pela impossibilidade de serem sentidas/elaboradas no momento em que surgiram, e que se traduzem numa carga pesada à nossa saúde mental e que se relacionam com os sintomas que aparecem na nossa vida e nos trazem desconfortos ou bloqueios, ao nível da ansiedade, depressão, medos, conflitos, entre outros.
Desta forma, o processo de psicoterapia traduz-se, a médio prazo, na transformação e alívio desses sintomas e bloqueios/dificuldades que vamos sentido, de forma consistente. No fundo, é como se tivéssemos dentro da nossa mente, uma divisão desarrumada, para onde fomos atirando coisas pesadas, difíceis, dolorosas. Com o tempo, e a vida, essa divisão começa a ficar sobrecarregada e a exercer pressão noutras áreas da nossa mente, e começamos a sentir que algo não está bem, algo está desequilibrado.
Todos nós, inevitavelmente, temos esta divisão e fazemos alguma acumulação de coisas difíceis, ou porque estamos a passar fases mais complicadas, ou porque sentimos que temos de ser assim, ou porque não encontramos espaço mental, dentro de nós, para ir processando tudo o que nos vai acontecendo, ou que nos aconteceu. É, por isso, extremamente importante que possamos estar atentos aos sinais que nos indicam que essa divisão está a ficar demasiado cheia, e que é preciso arranjar algum tempo para começar a arrumar o que por lá vai dentro. Pode ser difícil, todos sabemos que arrumações pesadas não são tarefa fácil, mas por isso é também importante que possamos começar o quanto antes... antes de estar tudo tão desorganizado, que fica difícil até entrar!
Com o tempo, com o trabalho psicoterapêutico cimentado no amparo, cuidado, escuta e compreensão do psicólogo/a, essa carga pesada vai ganhando sítio, vai sendo vista e arrumada, e aquilo que parecia uma confusão e um caos sem remédio, começa a tornar-se mais leve, mais fácil de organizar, e liberta espaço para surgir aquilo que é mais verdadeiro e expontaneo em cada um de nós... porque nos tornamos mais leves e mais livres.
Fazer psicoterapia, em poucas palavras, é torna-se quem se é, quem se quer ser. É libertar-se.
E mais do que compreender, é algo que se sente.